NOVA IGUAÇU / MESQUITA - Pacientes balançavam paninhos e papéis na tentativa de conseguir um mísero vento na sala principal da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Botafogo, em Nova Iguaçu. A falta de ar-condicionado em algumas áreas e a superlotação obrigavam os pacientes a esperar por atendimento até do lado de fora.
— Está um calor infernal. Estou com dor no estômago e não tenho como ir embora. Sentei nos degraus pois estava quase desmaiando lá dentro — reclamou a comerciante Camila Luiza, de 26 anos.
Com a filha chorando nos braços, uma mãe abriu a porta da sala de eletrocardiograma e um vento gelado saiu. Enquanto isso, um funcionário passou pelo corredor com a camisa encharcada de suor. Segundo outro funcionário, o ar pifou há dois anos.
— Infelizmente não tenho poder para consertar isso. Já reclamei e fiz pedidos, mas preciso esperar o governo atuar — comentou ele, que preferiu não ser identificado: — A nossa situação fica pior, pois pegamos um fluxo grande de pacientes do Hospital da Posse. Atendemos cerca de 800 pessoas por dia. Isso deveria ser feito em um hospital de grande porte.
Na unidade de Edson Passos, em Mesquita, a história se repete. Carla Melo, de 38 anos, chegou com pressão alta e esperava atendimento há mais de quatro horas:
— A enfermeira falou que meu caso era leve. Eles dizem que é proibido instalar ventiladores, mas é obrigatório ter ar-condicionado, e não tem. Engraçado que nos consultórios o ventinho é de congelar.
A Secretaria estadual de Saúde informou que nas duas unidades o sistema de arcondicionado está funcionando parcialmente e, por isso, em alguns momentos, não há vazão necessária. O órgão também garantiu que uma equipe de manutenção está tentando solucionar o problema nos dois locais. A secretaria nega que 800 pessoas sejam atendidas na UPA de Botafogo: diz que a média diária é de 363 pacientes.
Via Jornal Extra
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