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NOVA IGUAÇU - Sábado à tarde. Era 3 horas da tarde e clientes conversavam em frente a uma padaria localizada na Rua Lauro Müller. Um veículo Pálio de cor prata estaciona e dois homens armados descem já anunciando o assalto. Um dos bandidos vai até o caixa do estabelecimento e leva dinheiro e mercadoria e a dupla foge em direção à Dutra. “Eles agiram rápido e na hora só pensei que fosse morrer, porque estavam nervosos”, afirma o balconista Israel da Silva, de 30 anos, que presenciou um dos vários ataques ao estabelecimento.
Os bairros Moquetá, Jardim Catarina e adjacências viraram alvo preferido para os ladrões. Moradores da região, que possui acesso fácil para a Rodovia Presidente Dutra, estão assustados com a violência que acontece de forma rotineira. O último assalto aconteceu no último domingo na esquina da rua Guilherme. Uma dupla numa moto atacou uma mulher e levou todos os pertences da vítima, mesmo na presença de uma viatura que passava pelo local.
De acordo com o presidente da Associação de Moradores, Gláucio Ramos, a onda de assalto ficou mais intenso há cerca de seis meses, quando houve uma redução no policiamento da região. “Os criminosos agem em pontos onde a presença da polícia é quase inexistente. Ficamos todos preocupados e temendo por nossas vidas. A situação é grave e precisa da atenção das autoridades da área de segurança. Já colhemos mais de 600 assinaturas para um abaixo-assinado que será entregue ao comando do 20º Batalhão de Polícia Militar de Mesquita”, disse Gláucio.
‘BIG BROTHER’ CONTRA OS CRIMINOSOS
Os relatos sobre a ação de assaltantes não param. Quem mora no Moquetá já vítima dos ladrões ou conhece alguém que foi atacado. Os bandidos não se intimidam nem mesmo com a presença das dezenas de câmeras de vigilância instaladas em residências e também por comerciantes.
No ano passado, um dos equipamentos registrou o momento em que um policial militar, que chegava do trabalho, é atacado a tiros por bandidos que estavam em um carro da marca Doblô. Nas imagens, que estão sendo analisadas pela Polícia Civil, o PM estaciona o carro e, ao fechar a porta, é abordado por um dos homens. Ele anuncia o assalto, e num primeiro reflexo o militar consegue fugir entrando pela Rua Angra dos Reis, que não possui acesso para carro. O ladrão chegou a atirar, mas não conseguiu atingi-lo. A arma do agente estava no banco do motorista, mas os dois fugiram sem levar nada.
Uma outra câmera de segurança gravou a chegada de bandidos armados de fuzis. Parte do grupo desceu do veículo em que estava e levou o carro de um motorista que passava pela Rua Lauro Müller. “A sensação é de impotência. Você vê os bandidos agindo e não pode fazer nada. Isso só acontece porque falta policiamento ostensivo na região. Eu mesma já fui assaltada. Um ladrão, que estava numa moto, se aproximou e pediu o celular e minha aliança. Cheguei a registrar ocorrência na delegacia, mas não acredito que resolva”, desabafa a dona de casa Fabrícia Moreira, assaltada há cerca de três meses.
Região deserta depois das 19hse protesto por policiamento
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| Moradora diz que tem medo de andar pelo bairro |
O medo obrigou os moradores do Moquetá e Jardim Catarina a mudança de hábitos. A ordem entre eles é evitar andar com joias e relógios, e celular somente em caso de muita necessidade. À noite, a partir das 19 horas, a região fica praticamente deserta.
“Não coloco o pé na rua depois das 7 horas. É só escurecer que você não vê mais nenhum morador. Esse é o preço que a gente paga por não ter segurança. Aqui é comum assaltantes invadirem residências. Graças a Deus, até hoje ninguém ficou ferido com a ação desses marginais”, disse uma dona de casa que prefere não se identificar.
Cansados de enfrentar o descaso com a falta de policiamento, um grupo de moradores interditou a Rua 17 de Abril e queimou pneus para chamar a atenção das autoridades. Eles também espalharam faixas com alerta para a falta de segurança: “Atenção moradores! Assalto constante no bairro. Fique em alerta. Área sem policiamento.”
BANDIDOS ARMADOS NO RANCHO NOVO
O terror também está tirando a paz e o sono de moradores e comerciantes do bairro Rancho Novo. De acordo com relatos, é comum homens armados circularem pela região sem serem incomodados pela polícia. No último sábado, por exemplo, dois criminosos armados passaram numa moto pela Rua Alexander Gama Correa sem se importarem com moradores que estavam na porta de casa.
Uma moradora, que prefere não se identificar, revelou que foi-se o tempo que o bairro era pacato. “Hoje a gente medo de sair às ruas. Está muito perigoso e não vejo a polícia fazer nada”, disse.
ISP mostra redução no número de roubo de veículos
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram uma diminuição no número de roubo de veículos na Área Integrada de Segurança Pública nº 20 (Baixada) em janeiro deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado: 306 contra 384.
Outro levantamento do órgão aponta diferença na modalidade ‘roubo a residência’. Em 2015 foram registrados 10 casos, enquanto 2014 registro 15 ocorrências. Segundo o ISP, os roubos a estabelecimentos comerciais registrou menos 32 ocorrências este ano contra 2014, com 72 casos. O órgão de Segurança Pública mostrou que houve um aumento no ataque a pedestres (roubo a transeunte): no ano passado foram feitos 662 registros contra 740 em 2015.
Via Jornal Hora H
18/03/2015
