NOTICIAS SOBRE A BAIXADA.

NOTICIAS SOBRE A BAIXADA.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Cadeirante de Mesquita na Baixada vai para a Seleção de Rugby

Em 2014 o município de Mesquita se tornou mais inclusivo através de projetos da Associação de Integração de Deficientes Físicos (Assidef).A cidade está revelando talentos com potencial olímpico e resgatando qualidade de vida. Um dos destaques do projeto é o jovem Julio Cezar Braz de 23 anos, que após ser notado em campeonatos de handball adaptado em cadeira de rodas pelo país, foi convidado pela Seleção Brasileira de Rugby para um treinamento com o time principal.
Julio nasceu com má formação congênita, porém sempre teve uma vida bem ativa e livre de preconceitos.




Foi superando barreiras, dificuldades e limites que chegou ao time de handballadaptado em cadeira de rodas na cidade de Mesquita e no time de rugby em cadeira de rodasno bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio. Famoso na internet por postar vídeos com a temática superação, a página do atleta no Facebook já ultrapassou a marca dos 2.500 compartilhamentos.


“Eu tive uma infância muito ativa, fui criado livre de preconceitos e sempre junto de pessoas consideradas ‘normais’. Superei barreirasde forma gradativa, e a cada dia eu tenho mais certeza que superar é a palavra chave da minha vida. Não existem limites para mim”, declarou Julio Cezar.
O potencial de Julio foi percebido pela avaliadora do time de rugby da Zona Norte e da Seleção Brasileira de Rubgy com Cadeira de Rodas “Foi no campeonato brasileiro de handball do ano passado que fui convidado pela avaliadora Andreia Gatti a treinar no time de rugby do Santer. Agora, fui surpreendido com o convite da Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas para realizar um treinamento em abril, na Andef junto com o time da seleção brasileira de rugby”, contou o atleta que realizará o treinamento de 14 a 21 de abril na Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef) em Niterói.
Atleta começou na natação

Antes do handball, Julio Cezar fazia parte da equipe de natação da Assidef. O atleta conta que apesar de usar prótese nos membros inferiores, aceitou o convite para conhecer o time de handball adaptado. “Ano passado fui convidado a conhecer o time, antes eu fazia parte da equipe de natação. Quando vi achei interessante, sentei na cadeira e vi que eu poderia conhecer pessoas novas e viver o mundo dos cadeirantes. Eu uso prótese, mas vi na cadeira que somos iguais”, disse Julio.
A associação de Mesquita onde Julio foi revelado vive de doações e ainda oferece serviço social de reabilitação como fisioterapia, hidroterapia, hidroginástica, balé, judô eoutros serviços sociais. Desde setembro de 2014 quando formou o time de handball com os cadeirantes, os atletas da Assidef vêm colhendo bons resultados nas quadras e na vida. Luiz Carlos Miranda de 50 anos é atleta do time e disse que desde que começou a treinar com a turma se sente mais vivo e tem uma visão melhor da vida. “Minha socialização e perspectiva de vida são outras, hoje tenho uma visão mais otimista de mundo e não fico mais só em casa”, contou o atleta. 

Equipe treina com apoio da prefeitura

Hoje a equipe treina com o apoio da prefeitura de Mesquita que fornece o transporte para o deslocamento deles até a vila olímpica da cidade. Mesmo sem recursos ou patrocínio, o time se reúne duas vezes na semana com garra e vontade de vencer.“Começamos o projeto em outubro de 2013 com quatro atletas e o patrocínio da Casa da Moeda, hoje somos 16 ao todo. Temos como principal objetivo resgatar o indivíduo para a sociedade porque ficando somente em casa, sabemos que não temos perspectiva de vida. Agora com o apoio da prefeitura conseguimos o transporte que facilitou bastante. Hoje temos a possibilidade de buscar o atleta em casa, trazer para a atividade e deixar ele em casa novamente”, contou Alberto Santos, presidente e atleta da equipe de handball da Assidef. Alberto destacou também que a maior dificuldade que a equipe enfrenta é não ter cadeira adaptada para todo o time. “Nossos resultados mostram que temos a possibilidade para participar de campeonatos, seja ele municipal, estadual ou brasileiro. Nosso maior empecilho é não ter cadeira adaptada para todos os membros do time, um patrocinador nesse item para que possamos usar cadeiras próprias para desenvolver ainda mais o potencial de cada um”, complementou Alberto.
Além de atividades voltadas para o esporte e a reabilitação do deficiente físico, a Assidef de Mesquita realiza também o serviço de assistência à comunidade. “Nossa assistente social realiza o encaminhamento para o cidadão que possui algum benefício que e não tenha conhecimento do seu direito, estamos começando também um curso de capacitação em informática para a terceira idade em uma sala adaptada em parceria com o Senac que nos concedeu um professor”, relatou Alberto Santos.

Esporte como meio de inclusão

Para Welington Nascimento, secretário municipal de defesa da pessoa com deficiência e do idoso, o esporte é o principal meio inclusivo para incluir um cidadão com ou sem deficiência. “Nosso principal projeto é sempre incluir a pessoa com deficiência, e o esporte é uma ferramenta fundamental para isso. Nosso desejo é que outras modalidades possam aparecer e a vila olímpica seja transformado em um espaço mais que adequado a pessoa com deficiência. Hoje já temos aqui banheiros adaptados, rampas, disponibilizamos o projeto para a locomoção pela cidade, e a principio acalcamos nosso principal objetivo que é socializar”, declarou o secretário.
Hoje a Assidef possui uma grande fila de espera para receber o atendimento. Para saber um pouco mais sobre o trabalho realizado pela Associação, ela disponibiliza informações em um portal (www.assidef.org) e realiza ações de panfletagem. A Associação de Integração de Deficientes Físicos fica na Rua Tenente Aldir Soares Adriano, 507 – Centro de Mesquita. Mais informações pelo telefone (21) 2792-7860.
Via: Jornal Hoje/ O diário da baixada
Por: Gabriele Souza
Fotos: David Boechart