BAIXADA FLUMINENSE TEM UMA ASSOCIAÇÃO DE MULHERES DE ATITUDE -AMAC
Conte algo que não sei.
A Amac foi criada em 2011, no bairro Vila Alzira, em Duque de Caxias, por 22 mulheres que sofreram algum tipo de violência doméstica, sexual ou até mesmo psicológica. Juntas percebemos que éramos capazes de ajudar outras mulheres que vivem ou sofreram o mesmo problema, e não sabem ou sentem vergonha de pedir socorro. Nosso trabalho é reconstruir vidas. É fazer com que elas passem a se enxergar como pessoas que merecem todo o respeito do mundo.
Que tipo de ajuda a Amac oferece?
Todos os serviços que oferecemos são gratuitos. Temos palestras de orientação com temas variados, ajuda psicológica, oficinas de artesanato, aulas de balé para meninas de 2 a 15 anos e, especialmente, um ombro amigo para aquelas mulheres que nos procuram apenas para desabafar, para se encorajar.
Como a Amac consegue recursos para oferecer esses serviços?
Nós estamos sempre buscando a ajuda de profissionais que possam ser voluntários em nossa associação. É um trabalho de formiguinha, mas, felizmente, estamos conseguindo. Temos parcerias com psicólogos, dentistas, médicos, assistentes sociais. As pessoas estão mais conscientes de que é preciso ajudar o próximo.
A Amac incentiva a mulher violentada a denunciar o agressor?
Não adianta forçar a vítima a denunciar. Cada mulher tem seu tempo. A partir do momento em que ela toma coragem, nós a acompanhamos na denúncia. Se ela sair de casa, ajudamos a encontrar um abrigo até que consiga se restabelecer financeiramente. É um momento muito difícil.
Todas precisam reencontrar a autoestima. A mulher violentada tem muita vergonha. Com certeza, a maior dor que ela sente não é a física. É a de ser criticada quando demora a tomar uma atitude. Só quem já passou por isso entende o sofrimento da outra. Eu mesma, vítima de violência por 12 anos, ainda me emociono e sofro quando me lembro de tudo o que já passei. Não há dúvida que o apoio e a ajuda a essas mulheres são uma prova de amor ao próximo.
Além de participar das palestras e ter ajuda psicológica, de que outra maneira uma mulher violentada pode recuperar sua autoestima?
Ganhando seu próprio dinheiro. Por isso, incentivamos todas a aprender algo em nossas oficinas de artesanato. As mulheres que nos procuram, geralmente donas de casa, precisam ainda descobrir que são capazes de produzir.
Qual a maior dificuldade da Amac hoje?
Não ter uma sede própria. Fazemos as reuniões em nossas casas, na igreja do bairro ou em qualquer lugar para o qual somos convidadas. Precisamos de um espaço fixo. Assim, as mulheres que precisarem de nossa ajuda terão um endereço certo para nos encontrar, seja para conversar, aprender artesanato... Ou até mesmo para ficarem quietinhas. Um lugar onde se sintam acolhidas. Estamos lutando, confiantes de que conseguiremos essa sede. Já conquistamos tanta coisa, por que não teremos mais esta graça?
Via: AMAC
Por: Fabio Andre