Insatisfeita com a demora, Marly transferiu o neto para outra escola |
QUEIMADOS - Escola Municipal Perobelli foi interditada pela Defesa Civil. Alunos só retornam às salas no dia 9.
Cerca de 500 alunos só vão voltar às salas de aulas no dia 9, em Queimados. Há mais de um mês, a Escola Municipal Ana Maria dos Santos Perobelli, no bairro Primavera, foi interditada pela Defesa Civil com risco de desabamento. Desde então, os estudantes ficaram sem ter onde estudar.
Segundo a prefeitura, a escola funcionará provisoriamente num galpão particular até que a obra seja concluída. As aulas começaram dia 2 de fevereiro nas outras 28 unidades da rede municipal, que tem cerca de 16 mil alunos.
Um orientador pedagógico, que não se identificou, disse que as obras no colégio foram iniciadas em abril do ano passado, mas seis meses depois pararam. Segundo ele, a prefeitura prometeu transferir os alunos até o dia 23 de fevereiro para um antigo colégio particular desativado há mais de cinco anos, mas desistiu após uma visita da equipe pedagógica da escola ao local.
De acordo com os profissionais, a escola apresentava problemas estruturais, como a falta de telhas nas salas de aula, de água e infiltrações. “Queremos um lugar para trabalhar com segurança e estrutura. Estão desrespeitando os nossos direitos humanos’, reclama o orientador.
Professores também estão insatisfeitos porque terão que pagar nosfins de semana os dias que não lecionaram por conta do atraso no retorno às aulas. “Trabalhar sábado é um absurdo, ainda mais por um erro que não foi nosso. Faço pós-graduação. Outros professores também estudam e não poderão vir. O jeito será colocar na Justiça”, argumentou uma professora.
A escola, que oferece Educação Infantil e Ensino Fundamental até o quinto ano, ficou abaixo da meta no último levantamento do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) há dois anos com 4.0, quando deveria ser 4.8, estipulado pelo governo federal.
Das 13 cidades da Baixada, Queimados, com 4.0, só tem nota superior a Nova Iguaçu (3.9) e Belford Roxo (3.7). “Se a estrutura fosse boa, o desempenho seria melhor”, disse uma professora.
Pais estão transferindo os filhos
A situação precária na Perobelli fez com 28 pais pedissem a transferências de seus filhos para outras unidades. É o caso da doméstica Marly da Cruz, de 56 anos, que trocou a escola do neto, Evandro da Cruz, 6. “Não tive escolha. A criança não pode ficar sem estudar”, disse.
A prefeitura informou que a obra, orçada em R$ 1,7 milhão, será reavaliada após a constatação de comprometimento da estrutura, e uma nova licitação será feita em até 60 dias. A secretária de Educação, Mirian Motta, afirmou que um ônibus escolar fará o transporte dos alunos durante o período de reforma.
Via O Dia